Viagem ao Japão: curiosidades sobre bicicleta

No mês passado (agosto), depois de mais de um ano de planejamento, fui ao Japão a passeio com marido e mais dois amigos. Infelizmente, como um deles não sabia andar de bicicleta, não rolou passeio de bike pelas cidades, e o tempo era curto demais (apenas 18 dias no Japão, depois de descontar o tempo em avião e aeroporto para conexão) para fazer cicloviagem.

Ainda assim, reuni aqui algumas curiosidades em relação í  bike que notei em cidades como Kyoto, Osaka e Tóquio.

1. Apesar de a bicicleta ser muito usada, não há tantos paraciclos.

Bicicletas estacionadas (sem paraciclo) em frente ao mercado Ebisu, em Kyoto, Japão.
Bicicletas estacionadas (sem paraciclo) em frente ao mercado Ebisu, em Kyoto, Japão.
Na rua ou em frente a estabelecimentos comerciais, é comum as pessoas simplesmente deixarem a bike apoiada em um pezinho (em inglês, “kickstand”) em uma das laterais da calçada ou encostada em grades que ficam na borda da calçada.
Paraciclo í  frente da estação de trem de Osaka, Japão.

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Os poucos paraciclos que encontrei prendiam apenas a roda dianteira.

2. Bikes e travas.

Bicicleta com trava prendendo apenas a roda traseira, no Parque de Maruyama, em Sapporo, Hokkaido, Japão.

Também encontrei várias bikes estacionadas com travas de cabo de aço, que aqui no Brasil não costumam garantir segurança alguma. Muitas vezes, são modelos simples e baratos, de quadro rebaixado e sem muitas marchas, mas também vi essas travas prendendo bikes mais caras como as da marca Bianchi. Contudo, o mais frequente foi encontrar bicicletas com travas muito discretas, que prendem apenas a roda traseira. Não vi muitas das travas mais fortes, do tipo U-Lock.

Trava para bicicleta, de cabo de aço com... Rosquinha!
Trava para bicicleta, de cabo de aço com… Rosquinha!

3. Bikes elétricas.

É grande a quantidade de pessoas que pedalam bikes elétricas. E geralmente são equipadas também com cestos e cadeirinhas para crianças dos mais diversos modelos (alguns até acolchoados). Mesmo tendo esse auxí­lio de motor, elas não andam como se estivessem em motoquinhas, sem pedalar. E pedalam bem devagar, aliás, quando estão na calçada (pelo motivo do item a seguir).

4. Não há muitas ciclovias ou ciclofaixas.

Compartilhamento por pedestres e ciclistas na calçada
Compartilhamento por pedestres e ciclistas na calçada

Pois é, tanta gente pedalando, e quase não há espaço exclusivo para elas. Porque, lá, com algumas exceções como parques e praças, bicicleta tem a liberdade de dividir espaço tanto com carros quanto com pedestres; ou seja, tem bike na rua e na calçada, e não vi ninguém buzinando ou jogando reclamações para cima de ciclistas.

Como isso funciona? Talvez porque um respeite o espaço do outro. Por exemplo, há alguns cruzamentos em que o farol abre tanto para pedestres quanto para carros que vão fazer conversão e cruzar a faixa aberta para pedestres. Os motoristas esperam pacientemente todos os pedestres atravessarem, sem buzinar. Além disso, os próprios carros não corriam muito, mesmo com a via livre.

E os ciclistas, quando estão na calçada, pedalam beeeeem devagar. Ninguém fica tocando terror para cima dos pedestres. Até porque, se alguém causa um atropelamento, rola uma indenização pesada para pagar í  ví­tima.

5. Suporte para guarda-chuva ou sombrinha.

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Bicicleta com cestos e suporte para guarda-chuva em Osaka, Japão.
Detalhe do suporte para guarda-chuva no guidão.
Detalhe do suporte para guarda-chuva no guidão.
Ciclista com guarda-chuva na bike para se proteger do sol

Como viajei para lá no alto verão, muito quente e abafado, tive a oportunidade de encontrar pessoas andando de bicicleta com guarda-chuva preso ao guidão para se proteger do sol ou da chuva.

6. Manguitos.

Ciclista vestindo luvas compridas, estilo manguito, em Osaka, Japão.
Ciclista vestindo luvas compridas, estilo manguito, em Osaka, Japão.
Ciclista vestindo luvas compridas, estilo manguito, e levando um bebê com capacete em Osaka, Japão.

Mulheres de várias idades, tanto andando de bicicleta quanto a pé, usam algo tipo manguito, luvas sem dedos que se estendem até acima do cotovelo, para se proteger de queimaduras de raios solares.

7. Bikes para aluguel.

Não encontrei muitos postos de locação de bicicletas, apenas uma bicicletaria ou outra que fornecia esse serviço. Mas havia vários em Odaiba, Tóquio, uma área turí­stica. O pagamento dessas bikes de aluguel (semelhante ao sistema que encontramos em alguns bairros de São Paulo ou Rio de Janeiro) pode ser feito com o crédito de cartões de passe de í´nibus/metrí´/trem (como o Bilhete íšnico de São Paulo).
Bikes de aluguel em Odaiba, Japão.
Bikes de aluguel em Odaiba, Japão.

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Inclusive, esses cartões japoneses podem ser usados para pagar compras em lojas de conveniência e em máquinas de venda automáticas de bebidas que encontramos dentro das estações de trem e metrí´ (as máquinas de rua só aceitam notas ou moedas).
Chegamos a alugar bicicletas em um bairro turí­stico na periferia de Kyoto. Havia um estabelecimento próprio para isso, com modelos simples í  disposição, sem marchas. O aluguel foi caro, até: 1000 ienes a diária (mais um menos 30 reais na cotação atual). Mas é um serviço voltado principalmente para turistas, não para pessoas que queiram pedalar no dia a dia. E nos entregaram um folheto com algumas regras de trânsito e recomendações de como evitar acidentes.
Folheto explicativo com regras de trãnsito e dicas para evitar acidentes.
A tradução deste folheto é a seguinte:
A princí­pio, quando você pedala uma bicicleta, deve transitar no bordo da pista.
Não é permitido pedalar no lado direito da via.
Não é permitido que duas bicicletas andem lado a lado.
Não é permitido que duas pessoas andem na mesma bicicleta.
Não é permitido usar celular enquanto pedala.
Não é permitido pedalar com o guarda-chuva aberto. (Talvez este esteja se referindo a segurar o guarda-chuva com a mão, não preso em suporte)
Não é permitido pedalar sem luzes ligadas í  noite e em lugares escuros.
Quando frear sua bicicleta, acione os freios dianteiro e traseiro ao mesmo tempo.
(Ou) Acione primeiro o freio traseiro (no manete esquerdo) e, em seguida, o freio dianteiro (no manete direito).
Nota: No Brasil, o freio traseiro geralmente é acionado no manete direito e o dianteiro, no manete esquerdo.
Quando for subir a guia de uma calçada, faça isso com a bicicleta em um ângulo mais perpendicular a ela, sempre que possí­vel. É muito comum acontecer acidentes por queda.
Quando for subir uma ladeira, não se esforce tanto. Quando for descer a ladeira, desacelere.

Tome cuidado para não se machucar. Caso ocorra um acidente grave, ligue para o 119 para chamar uma ambulância. Se o acidente não for grave, ligue para nós, primeiro.

8. Relevo.

A maioria das cidades que visitamos tem terreno praticamente plano, sem ladeiras í­ngremes. A maiores diferenças de altimetria ficam nos bairros mais periféricos ou em ruas nos arredores de templos mais afastados dos centros e geralmente localizados em montes e montanhas.

 

Enfim, vendo algumas das soluções engenhosas deles, não resisti e trouxe uma delas para São Paulo na minha mala: o suporte para guarda-chuva! É o que está me salvando de cozinhar a cabeça dentro do capacete nestes dias de mais de 30 graus.

 

Minha salvação nesta primavera com cara de verão
Minha salvação nesta primavera com cara de verão

2 Comments

  1. Legal! Também vou aproveitar algumas dessas dicas. Aliás, a maior parte destes acessórios pode ser comprada no Brasil, em sites como o Mercado Livre.

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